segunda-feira, 20 de abril de 2015

Projeto pretende transformar corpos humanos em adubo

Catrin Einhorn
Em Cullowhee (EUA)
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  • Mike Belleme/The New York Times
    Katrina Spade, fundadora do projeto, cobre corpo com folhas em unidade de pesquisa
    Katrina Spade, fundadora do projeto, cobre corpo com folhas em unidade de pesquisa
O corpo da pequena mulher de 78 anos de idade, com cabelos grisalhos caindo sobre os ombros rígidos, foi levado para um morro na Universidade Western Carolina, ainda vestido com uma camisola azul de hospital e meias verde-limão. Ela foi colocada sobre uma cama de serragem e, em seguida, mais serragem foi empilhada sobre ela. Se tudo acontecer como se espera, o corpo vai se transformar em adubo.
Trata-se do próximo passo surpreendente no movimento pelo enterro natural. Embora cada vez mais pessoas optem pelo sepultamento em mortalhas simples ou caixões biodegradáveis, os cemitérios urbanos continuam se enchendo. Para aqueles que têm consciência ambiental, a cremação é uma opção problemática, uma vez que o processo libera gases de efeito estufa.
Armada com uma prestigiosa bolsa de estudos na área ambiental, Katrina Spade, 37 --residente de Seattle formada em arquitetura--, propôs uma alternativa: um local para a compostagem humana. A ideia é atrair o interesse de defensores do meio ambiente e cientistas. A mulher que foi enterrada na serragem é o primeiro passo para testar como isso funcionaria.
"A compostagem faz as pessoas pensarem em cascas de banana e borra de café", diz Spade. Mas "nossos corpos têm nutrientes. E se pudéssemos dar origem a novas vidas depois de morrermos?"
Os cientistas concordam que os seres humanos podem ser compostados. Inúmeras fazendas em todos os EUA --entre elas pelo menos um terço das fazendas leiteiras do Estado de Washington-- compostam os corpos de animais mortos. Em alguns Estados, o departamento de transportes composta animais atropelados nas estradas.
"Tenho certeza de que pode dar certo", diz Lynne Carpenter-Boggs, cientista do solo na Universidade Estadual de Washington que faz parte do conselho consultivo do Urban Death Project [Projeto Morte Urbana, em livre tradução], uma organização sem fins lucrativos fundada por Spade.

Processo

O processo é surpreendentemente simples: coloque material rico em nitrogênio, como animais mortos, dentro de uma montanha de material rico em carbono, como serragem e aparas de madeira, acrescente umidade ou mais nitrogênio e faça outros ajustes, conforme for necessário. A atividade microbiana começará a cozinhar a pilha.
As bactérias liberam enzimas que quebram o tecido em componentes menores como aminoácidos, e, eventualmente, as moléculas ricas em nitrogênio se ligam às ricas em carbono, criando uma substância parecida com o solo.
As temperaturas chegam a cerca de 60 graus Celsius --às vezes mais--, e o calor mata os patógenos comuns. Feito da maneira correta, não deve haver nenhum cheiro. Os ossos também compostam, embora levem mais tempo do que os outros tecidos.
Spade projetou um edifício para a compostagem humana que pretende juntar a eficiência desse processo biológico com o ritual e o simbolismo pelos quais anseiam as pessoas em luto. Cada instalação da Urban Death teria no centro um cofre de três andares que ela chama de "núcleo". Os entes queridos carregariam seu morto, enrolado em uma mortalha, por uma rampa circular até o topo.
Lá, durante uma cerimônia para "depositar o corpo", familiares e amigos colocariam o corpo dentro do núcleo, que poderia armazenar até 30 corpos ao mesmo tempo.
Nas semanas seguintes, cada corpo desceria pelo núcleo até completar a primeira etapa da compostagem. Numa segunda fase, o material seria analisado, junto com qualquer osso reminiscente, e o composto seria curado.
Spade estima que cada corpo, combinado com os materiais necessários como aparas de madeira e serragem, produzirá composto suficiente para encher um cubo de 90 centímetros por 90 centímetros de lado.
Semanas ou meses depois, os familiares poderiam coletar parte do composto para usar como quisessem, talvez no próprio jardim ou para plantar uma árvore. Spade prevê que o restante irá para parques próximos ou áreas de conservação. Cada compostagem humana custaria cerca de US$ 2.500, uma fração do enterro convencional, estima Spade.
Ela espera construir a primeira instalação em Seattle e depois desenvolver um modelo que outras comunidades possam usar em instalações projetadas localmente. "Como as bibliotecas", diz ela. Primeiro, entretanto, ela e seus apoiadores no Urban Death Project terão de superar uma série de obstáculos. Um deles, e não menos importante, é o fator "eca".

Repulsa

Muitos norte-americanos consideram repulsiva a ideia de compostar corpos humanos, uma violação das normas culturais e religiosas....

segunda-feira, 13 de abril de 2015

Tudo sobre compostagem caseira

Compostagem: caseira, doméstica, orgânica...quem nunca ouviu falar sobre esta técnica de decomposição de materiais orgânicos que está ganhando adeptos em todo o mundo? Um especialista no assunto irá nos ajudar a entender o que épara que serve, suas vantagens etudo o mais que você queria saber sobre compostagem.
Gustavo Soares é Engenheiro Agrônomo formado pela UFSC e Analista Ambiental do Instituto de Meio Ambiente do Distrito Federal. Em seu trabalho de especilialização e Gestão Ambiental na UEG, Gustavo se especializou na construção e manutenção de composteiras residenciais. Em Brasília, o engenheiro ministra cursos e workshops onde ensina a construí-las, usá-las e mantê-las

O que é compostagem?

Compostagem é um processo de transformação de resíduos orgânicos em adubo humificado. Dois estágiossão identificados nessa transformação:
O primeiro, denominado digestão, corresponde à fase inicial da fermentação. Nesta fase o material alcança o estado de bioestabilização, onde a decomposição ainda não se completou, porém permite que o composto seja usado como adubo.
No segundo estágio, denominadomaturação, a massa em fermentação atinge a humificação e o adubo passa a ter as melhores condições para ser usado como fertilizante e melhorador do solo.

O que são composteiras caseiras?

Composteira caseira é um sistema de reciclagem dos resíduos orgânicos onde micro-organismos transformam restos de alimentos em adubo de excelente qualidade. É um sistema prático, compacto, higiênico e de fácil manuseio que não produz cheiro nem atrai insetos e animais indesejados. É responsável por controlar o processo de compostagem fornecendo as condições ideais de umidade, aeração, barreira fisica contra animais e manejo de chorume.
São fabricados ou construidos em plásticometalalvenariamadeira e cada sistema possui um atrativo por parte do usuário que determina e escolha do modelo.

Para que servem?

Transformam o lixo orgânico, restos pré e pós preparo de alimentos de origens vegetal e animal, aparas de jardinagem e outros materiais orgânicos em adubo.
É uma ferramenta de educação ambiental, com ela é possível promover a reciclagem de lixona fonte geradora e ainda gerar adubo orgânico.

Quais são suas vantagens?

compostagem residencial é a solução para o tratamento de resíduos orgânicos na fonte geradora, contribuindo para a redução de parte dos resíduos destinados aos aterros, aumentando a vida útil dos mesmos; diminuindo o consumo de combustível para o transporte aos aterros e a conseqüente diminuição das emissões de gases de efeito estufa gerados nesse deslocamento.
Pode retirar aproximadamente 60% do lixo doméstico do tratamento convencional, evita a proliferação de doenças e de animais indesejados, evita a contaminação do lençol freáticocom chorume, produz insumo para hortas e jardins.

O que pode ser colocado nas composteiras caseiras?

Restos animais e vegetais pré e pós preparo, cascas, talos, sementes.
Cascas, bagaços, caroços, partes não comestíveis e restos de alimentos, pó de café, saco de chá, guardanapos, folhas secas, grama cortada, raízes, resíduos de jardim, plantas não desejadas, esterco, serragem, cabelo, lixo do aspirador de pó, cinzas em geral.

O que não pode ser colocado nelas?

Fraldas, papel higiênico, fezes humanas, fezes de gato e cachorro, papel colorido, vidro, plástico, metal, produtos químicos, restos de madeira tratada ou pintada.

Qual é o produto da compostagem?

Em um período de dez semanas, o lixo orgânico na composteira é descaracterizado. O composto pronto é o material humificado, se apresenta com cor marrom escura, cheiro agradável, homogêneo, sem restos vegetais. 

Compoteiras caseiras podem ser usadas em apartamentos?

Sim, porém lembro que uma matéria prima essencial é material rico em carbono. Em casas usa-se folhas e aparas de grama. A alternativa para apartamentos é guardanapo usadopapel de pão, serragem.

Onde se compram as composteiras?

Podem ser compradas no compostagemcaseiras.blogspot ou neste e-mail: compostagemcaseira@gmail.com

É necessário fazer um curso para aprender a manejá-las?

Não é necessário mas antecipa os melhores resultados, evitando experiências desagradáveis. Mal cheiro e proliferação de insetos indesejados são situações comuns para iniciantes com informações inadequadas.

Na tua opinião quais são os preconceitos ou falta de informação que impedem ou dificultam o interesse das pessoas em adquirirem uma composteira em casa?

Não é uma técnica recente. Tem sido praticada pelos agricultores e jardineiros ao longo dos séculos e é uma prática comum em países desenvolvidos. No Brasil, o desinteresse decorre da falta de educação ambiental e de políticas públicas.
Recentemente a Lei nº 12.305/2010 instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos- PNRS que tem como objetivo a não geração, redução, reutilização, reciclagem e tratamento dos resíduos sólidos, mas falta vontade política.
No ano passado, a prefeitura de São Paulo implementou o projeto Composta São Paulo para difundir a prática da compostagem caseira. Este é um exemplo que deveria ser ampliado.